DUALIDADE

Dualidade... Há o “sim” querendo dizer “não”. Há o “não” querendo dizer “sim”. Há o fim que é o começo. Há o começo que é o fim. Palavras repletas de ambigüidades. A sua verdade é coberta de relatividade. Saudade, ausência de proximidade. Ser um, sendo dois, bipolaridade. Ser muitos, mantendo a identidade. Ser estranho e ter intimidade. Na superfície, ter profundidade. Sentir muito, uma tempestade. Calar a dor, criando imunidade. Ser finito, pela eternidade. Ser uma simples complexidade. Fazer o bem agir, com certa malícia e maldade. Como conquistar sem competitividade? Conquistar a paz, sem passividade. Dizer algo sutil, mas com intensidade. Alguém mentiu, com sinceridade. Aceitei, com contrariedade. A loucura, muitas vezes, é expressão de sanidade. Ser igual, nem sempre, é normalidade. Desumanos, mas chamamos de humanidade. Se entregar por inteiro, mesmo tendo metade. Viver sonhando, em plena realidade. Ver no impossível, a possibilidade. Possuir princípio, com finalidade. Viva a diferença, com afinidade. Derrame lágrimas, de felicidade. Deixe a vida ser... Não há como fugir da dualidade...

DUALIDADE

Deixa a noite amanhecer
Deixa o dia anoitecer
Transitório como o meu ser
Deixa a vida acontecer

Deixe a fala calar
Deixe o silêncio propagar
O que não sei explicar
Mas traduzo ao versar

Deixa a lua inspirar
O que o sol irá iluminar
Assim você pode enxergar
O que de mim se fez brotar

Deixe um corte ser prazer
E o alívio fazer doer
Dualidade que é viver
Longe e perto de você

Deixa a distância aproximar
E a desilusão acreditar
Que o certo é errar
Que o pecado vem salvar

Deixe o "não quero" querer
Deixa a dor fazer valer
Um simples toque estremecer
As balizas do seu ser

Deixa o medo ser coragem
E a mentira ser verdade
O encontro ser saudade
Deixa a vida ser dualidade

Deixe o início ser o fim
Para que o fim seja um novo começo
E, então, por fim
Deixe a sua indiferença ser eterno amor por mim.

Por: Christiano Dortas